Era 2010. Lá no Complexo da Maré, zona Norte do Rio. Um grupo de mulheres, que vivia produzindo quitutes em pequena escala direcionado se reuniu quando percebeu que, juntas, poderiam crescer mais e mais. Um projeto social que já atua há muito tempo por lá, o Redes de Desenvolvimento da Maré, abriu os braços pra demandas dessas mulheres, que queria profissionalizar aquilo que elas já faziam bem: comida gostosa. Foi daí que nasceu o Maré de Sabores, uma oficina de culinária para qualificar essa mulherada tão determinada. A chef Mariana Aleixo abraçou o projeto e é quem comanda as aulas.

A oficina de gastronomia oferece módulos de confeitaria, massas, chocolates e entradas que as qualificam para trabalhar tanto como cozinheiras, como para abrir seus próprios negócios. Além disso, as aulas buscam resgatar a cultura alimentar da Maré, que olha pra receitas e ingredientes tradicionais na alimentação dos moradores e os inclui nos módulos do curso. Alimentação orgânica e reaproveitamento total dos alimentos também guiam a forma como o curso é dado. Não à toa, o Maré de Sabores foi citado no Guia “100 dicas de slow food – Rio de Janeiro”, editado em inglês e português.

A grande sacada do projeto veio quando perceberam que só o conhecimento sobre a comida não era suficiente: era fundamental fazer aquelas mulheres perceberam todo o poder que tinham. Foi daí que surgiu a Oficina de Género e Cidadania, que virou pré-requisito pra quem quisesse entrar nesse mergulho gastronômico. Lá, elas são relembradas sobre empoderamento, são colocadas a refletir sobre sua autonomia, autoestima e despertar da consciência para seu papel na sociedade.

Formatura do Mare de Sabores

Dois anos depois de começar, as mulheres empreendedoras da Maré viram o projeto ganhar o prémio Objetivos do Milênio, oferecido pela Secretaria-Geral da Presidência da República, em parceria com a ONU. Não é pouca coisa, não!

Mulheres de 16 comunidades da Maré participam do projeto que hoje também atende ao público em geral: elas oferecem serviço de buffet para eventos pequeninos mas também para grande encontros de empresas e universidades. A Fiocruz e a Anistia Internacional, por exemplo, já contrataram os serviços delas. O número de parcerias só aumenta e só nos dá uma certeza: a mudança começa no quintal de casa. Ou melhor, na cozinha! E que junto se vai melhor…