Vai no mercado, enche o carrinho, vai pra casa, cozinha, come de manhã, come de tarde, come de noite, joga os restos fora, guarda um pouco pro dia seguinte, e assim segue a rotina. Comer é quase que ação automática, necessária ao menos três vezes ao dia. Se alimentar é, de acordo com o bom e velho dicionário, “O abastecimento renovado do conjunto das substâncias necessárias à conservação da vida; é sustento”. Um misto de necessidade e de muito prazer. E um processo extremamente complexo, que envolve inúmeros atores, e que muitas vezes passa despercebido, sem a atenção e a reflexão necessária. É que por trás desse ato cotidiano, há questões extremamente complexas e contraditórias: pelo mundo são cerca de 795 milhões de pessoas passando fome e outras 1.9 bilhões obesas; no Brasil 70% dos alimentos vêm da agricultura familiar, mas 22,15% do PIB é representado pelo agronegócio; mais de 1/3 da comida mundial é perdida e desperdiçada e 70% dos alimentos aqui no Brasil são contaminados por agrotóxicos.
Os dados são surpreendentes e cada vez mais se faz necessária a transformação da forma de enxergar a comida, trazendo mais consciência e reflexão. Na Caprichar, a gente faz questão de ter consciência sobre cada passo desse processo que resulta em tanto prazer e escolher por aquilo que melhor cabe em um mundo sustentável e justo. “Fazer escolhas sobre a alimentação que queremos, além de ser uma atitude fundamental para a nossa saúde, é um importante ato político”, escreve o pessoal do Comida do Amanhã. Trata-se de um projeto super bacana que tem como objetivo “Conectar os principais atores que pensam e agem sobre a alimentação para potencializar iniciativas transversais, impactantes, que eduquem, informem, capacitem e transformem positivamente o futuro partindo das decisões do presente”.
Com assinatura do Museu do Amanhã, eles querem criar um olhar sincero e informado sobre a responsabilidade em cima das escolhas alimentares, através da união e desenvolvimento de projetos, da construção de acordos, do desenho de pactos e compromissos e da criação de uma rede pensante e atuante nessa área. “Queremos desenvolver o empoderamento de cada um nesse movimento global- da semente ao empoderamento, sempre através da comida”, eles dizem. Pra isso, criaram um Manifesto e uma Carta Compromisso, que podem ser assinados por pessoas físicas e também por instituições e projetos, cujo objetivo é pressionar o poder público para criação de uma política de alimentação, mais saudável mais sustentável na cidade do Rio. – Nós da Caprichar já assinamos!
Além disso, eles realizam eventos incríveis, como um que rolou no mês de outubro, no Museu do Amanhã, e contou com seminários, feiras e oficinas reunindo os mais variados projetos que, de alguma forma, trazem a alimentação como princípio. Entre eles, o Clube Orgânico, a Junta Local, o Rio Alimentação Sustentável, o Ciclo Orgânico, o RefettoRio Gastromotiva, o Alimentamente, entre tantos outros. Um respiro pra lembrar que todo o prazer que a comida traz pode ser muito maior do que só na hora de comer – e fazer o ato de se alimentar sair do modo automático para um outro, manual, artesanal e muito mais consciente.
Fotos: www.comidadoamanha.org
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